Santa Clara
Praxis Nova:
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Até à próxima 6ª. Feira a festa vai continuar, mais animada que as marchas populares, mais emocionante que os casamentos de Santo António e mais audaciosa que todas as suas antecessoras. Os candidatos ao “trono” da nação, deslocam-se por todo o país, calcorreiam os passeios das aldeias e vilas, já para não falar nas cidades, que alguns nunca imaginariam vir a visitar à procura de um “simples” voto que lhes dê a fama, o poder e o dinheiro que tanto ambicionam. As vozes roucas de tanto gritarem, os braços cansados de tanto esbracejarem, os apertos e amassos acompanhados de palavras mais ou menos agradáveis do povo, os beijos que vão recebendo ao passar, preenchem os dias até ao último autorizado pela legislatura para se poderem manifestar. No próximo domingo só um galo poderá ocupar o poleiro e depois??? Será que cumprirá o prometido? Mas afinal o que prometem eles? Já se viu ou ouviu algum deles apresentar um programa eleitoral coerente com as nossas necessidades?Etiquetas: Politica
"É na política que todos mamam. E como não chega para todos, parecem bacorinhos que se empurram para ver o que consegue apanhar uma teta." - Rafael Bordalo Pinheiro.
Há mais de um século que Rafael Bordalo Pinheiro caricaturou a “porca da política”, um monstro que engordava barões enquanto o Zé Povinho suportava as agruras da bancarrota. Vítima de apetites insaciáveis, a monarquia caiu pouco depois. Seguiu-se a República que, durante cem anos, nos fez crer que a trama jamais se repetiria. Eis senão quando a “porca” ressuscitou perante os nossos olhos, tão hábil a cortar abonos de família, isenções de propinas e bolsas de estudo como a esbanjar em derrapagens e reformas milionárias. Poderemos acreditar num “Estado Social” que se preocupa com a mama de milhares, enquanto lança o desespero em milhões? Com a economia do país a balões de oxigénio – e o caos instalado na Administração – que português decente não teme pelo futuro das novas gerações? Em poucas décadas, os nossos partidos políticos tornaram-se agências de emprego, onde domina a lógica bolsista e da sobrevivência e já não há lugar para idealismos. Com a “grande porca” à mercê de quem mama e deixa mamar, nenhum dos enfermeiros improvisados, que agora se candidata, nos propõe mais do que electrochoques aberrantes e desumanos que nada resolvem. Na campanha eleitoral em curso, com a política e a comunicação social de braço dado, ninguém se atreveu a tratar a questão principal que é travar os apetites dos “boys” e iniciar uma cura drástica de emagrecimento. Impossível cortar no Estado Democrático, e não no Estado Social, quando as lideranças estão reféns de hordas de apoiantes que se batem pelo saque e que desprezam os ideais. Nesta República transviada, o primeiro milho é dos pardais, ao caso mais de 4000 Juntas de Freguesia. Em quantas não vemos “patriotas” a perseguirem “direitos adquiridos” tais como ordenados e senhas de presença desnecessárias, retribuições duvidosas, empregos abusivos para amigos e um sem fim de favores em troca de apoios?E pode algum político com rasgo deixar de apontar o dedo a centenas de Câmaras, que envolvem mais umas tantas legiões de parasitas? Perdida a decência, nesse pântano proliferam empresas municipais e administradores, vias verdes, popós, almoçaradas e outras peritas formas de mamar. Sem darmos conta, até os insuspeitos lugares nas Assembleias Municipais se tornaram tetas disputadas por quem corre atrás de senhas e de complementos de reforma.E porque não reduzir o número de deputados? Não será tempo de pôr fim a mordomias, reformas, viagens e subsídios imorais, conseguidos a coberto de leis feitas à medida dos interesses da corporação?Poderá também o Governo escapar a esta terapia de choque, quando há toda uma catrefada de assessores e de adjuntos a mamar em milhares de gabinetes, empresas públicas, institutos, fundações e outras tretas público-privadas que não permitem retirar o país da falência? Quantos incompetentes e oportunistas não ocupam dois e mais tachos? E que dizer dos Governos Civis, hoje “beneméritas” instituições que se destinam a asilar mais umas tantas centenas de obscuros “defensores da causa pública”, a quem a população mostrou o cartão vermelho em eleições autárquicas passadas?Será que a Presidência da República não terá também de emagrecer, quando se passeia em sessenta viaturas, alberga mais de seiscentos comensais e gasta o dobro da corte espanhola?É a sensação de que a nossa democracia se meteu por um beco sem saída, que está a causar tanto desânimo, com milhões de portugueses sem vontade de confiar o seu voto a políticos que não estão à altura da presente crise. Adivinham-se pois muitos votos de protesto, sejam nulos, em branco ou em pequenos partidos. E o pior será mesmo a abstenção, um sinal de que já não acreditamos na democracia e na República.Contra a abstenção, e seja qual for a nossa opção partidária, atrevo-me pois a propor que, no próximo Domingo, votemos trajando alguma peça de roupa branca: para desse modo extravasarmos o nosso protesto, mas também para dar fé da nossa determinação em prosseguir a luta pela defesa das instituições e pela coesão social.Há cerca de quinze anos, quando a causa de Timor uniu os portugueses e foi centro das nossas preocupações, todos nos mobilizámos dessa forma exemplar e a onda cresceu, imparável. Porque não repetir, agora, tão simbólica e feliz manifestação?
Autor: Cândido Ferreira
Etiquetas: Reflexões