O XUKALHO

Blogue para "axukalhar" as memórias...e não só.

domingo, 13 de março de 2011

Soneto de José Régio

Soneto (quase inédito), escrito em 1969 no dia de uma reunião de antigos alunos.

Tão actual então, como hoje..


Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

Em memória de Aurélio Cunha Bengala

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