O XUKALHO

Blogue para "axukalhar" as memórias...e não só.

sábado, 15 de outubro de 2011

Vencer não é um hábito português

Mesmo querendo ser positivo e contrariar o pessimismo, uma coisa parece-me evidente, reflectindo sobre nós e os nossos modos: vencer é um hábito mas não é um hábito que tenhamos na nação. Infelizmente. A resignação sim, é uma rotina nossa, uma coisa vivida, entranhada e, normalmente, acompanhada da desculpa - que é a culpa que não é a mea mas antes a tua.

Campeonatos da Europa? Nem um. Óscares ou Palmas de ouro? Nada. Ouro nos Olímpicos? Pouquinhos. Nobeis? Dois. Campeonatos do mundo? Zero.

Vencer só se consegue com rotinas, as rotinas que nos levam a repetir os mesmos gestos, a mesmas atitudes e nos tornam vencedores. Quando é um hábito, consegue-se vencer mesmo sem talento, pois a vontade, quando é muita, arranja sempre um atalho para a vitória.

Eu entendo a desistência quando se está cansado ou se é velho ou doente ou quando se foi espremido até ao fim e já não há mais nada no tanque. Mas não entendo a resignação juvenil. Não entendo os badochas mentais, essa gente que não luta, que baixa os braços e tem por hábito desistir de ganhar.

Este texto nasceu da óbvia raiva de termos perdido com a Dinamarca. “Como é possível!” exclamava um amigo com quem via o jogo. É possível porque vencer não está em nós nem nas nossas organizações. A pressão é para a resignação, para a manutenção do status quo e vem sempre de cima, dos líderes, dos políticos, do nosso empresariado, dos nossos intelectuais, todos adeptos de manter as coisas como estão, nos seus precários e pobres equilíbrios.

Não se luta, em Portugal ou luta-se pouco. Lutar, então quando se ganha, é um comportamento mal visto e olhado de lado por todo o lado. É visto como comunista pela direita, a não ser que se seja de direita; aí é visto como perigoso e neo-liberal ao serviço de “interesses”. É visto como possidónio e arrivista por quem se sente, e senta, no topo da hierarquia social ou como um traidor à classe, gananciosos e wanna be por quem está em baixo resignado ao imobilismo. Lutar e ganhar é, em Portugal, má educação.

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